Hit Makers
Reza a lenda que na década de 80, o produtor/baixista Liminha trouxe dos EUA, depois de uma turnê com os Mutantes, um livro com um título tipo “Como criar hits na música”. O livro era um presente para um amigo, o guitarrista Lulu Santos.⠀
É muito atraente a idéia de que um livro continha as fórmulas e ingredientes para mais de 30 anos de sucesso do maior hit maker brasileiro. Afinal, americanos tentam explicar tudo. Fica como uma lenda para ser contada nos estúdios e ensaios.⠀
Mas é possível criar um hit?⠀
Derek Thompson tenta responder essa pergunta revendo sucessos da música, design, cinema e diversos objetos de desejo. Essa não é uma busca solitária. Todos os anos indústrias investem seus milhões para tentar descobrir o que está por trás de um super sucesso.⠀
A iHeart Media, por ex, maior proprietária de estações de rádio FM nos EUA, também é proprietária do HitPredictor. O serviço tenta prever o potencial de sucesso de uma música. Trechos são tocados três vezes para um público online, sem mais informações, para testar seu potencial de sucesso.⠀
As notas são de 0 a 100 e uma média final de 60 pontos identifica as músicas com potencial de se transformarem em um hit. (“Hotline Bling”, com Drake, por ex, teve média 70,25).⠀
Mas o caminho para a criação de um hit não precisa ser necessariamente algorítmico. Quer lançar um produto de sucesso? Recorra ao método MAYA, ou “most advanced yet acceptable”.⠀
A idéia é simples: públicos orientam suas preferências a partir de uma mistura de complexo e simples, um estímulo depertado por coisas novas com certo conforto já familiar. Uma tensão entre ser surpreendido e o que já se conhece, um pouco de atração pelo novo, mas com certa resistência com aquilo com que não se está familiarizado.⠀
Ou seja, para vender algo familiar, torne-o surpreendente. E para vender algo surpreendente torne-o familiar.