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Aerotropolis: The Way We’ll Live Next

A proposta das aerotrópoles é aproximar os aeroportos das cidades. Nada de terminais distantes dos centro urbanos. Nas aerotrópoles as cidades se desenvolvem ao redor de aeroportos.

A proposta parece nova, principalmente levando em conta o caso da nova cidade de Songdo, na Coréia do Sul, uma smart city criada ao redor do Aeroporto Internacional de Incheon, um super terminal com mais de 400 lojas, das marcas mais importantes de todo o mundo, além de diversas opções de lazer e serviços. De qualquer lugar de Songdo é possível chegar a Incheon através de transporte público em apenas 15 minutos. Os residentes dessa aerotrópole podem facilmente participar de reuniões nas principais cidades da China ou do Japão e voltar a tempo para jantar em casa.

aerocity

Mas “Aerotropolis: The Way We’ll Live Next” apresenta uma série de casos que mostram como aeroportos são responsáveis pelos desenvolvimento de concentrada vida urbana ao seu redor. Desde cidades-fábricas do período da Segunda Guerra Mundial, desenvolvidas para atender a demanda por suprimentos e material bélico dos EUA, até cidades-empresas, como se tornaria Memphis a partir de 1974 com a instalação da Federal Express – Fedex – em seu aeroporto, transformando uma antiga produtora de algodão numa das precursoras das aerotrópoles atuais. Em Memphis, de cada 4 trabalhadores, 3 são colaboradores da Fedex.

Também é espantoso ver como muitos mercados hoje são totalmente baseados no transporte aéreo, de flores da Holanda e frutas do Congo que chegam ainda frescas ao mercado europeu, até a produção de eletrônicos da China e o “turismo médico” da Malásia, que recebe um número cada vez maior de americanos em busca de procedimentos e cirurgias a preços mais baixos. Os autores também destacam o importante papel estratégico de companhias aéreas no desenvolvimento de centros emergentes, como Doha (Qatar Airways) e Dubai (Emirates).

Mas há um futuro possível baseado na combustão de gasolina azul por motores a jato?

Os autores John Kasarda e Greg Lindsay sinceramente reproduzem uma crítica ao futuro das aerotrópoles, a partir de uma carta enviada à revista Fast Company:

“Do modo como percebo a situação, a aerotrópole é um projeto de infraestrutura multibilionário que se equilibra precariamente sobre o setor de frete aéreo – totalmente dependente do petróleo – e que visa basicamente acelerar a criação de um modelo de produção escravizante e de caráter mundial para fornecer bugigangas para o Walmart. Esse conceito está fadado ao fracasso. O que vejo são megacorporações, governos, militares e dinossauros totalmente dependentes do petróleo e do crescimento, tentando desesperadamente se unir para tentar sobreviver, produzindo elefantes brancos como a aerotrópole. Investir nosso precioso tempo, dinheiro e energia em projetos mirabolantes como esse deve ser considerado criminalmente insano”.

Fica então o paradoxo do desenvolvimento de mercados globais de produtos e fluxos internacionais X modelos insustentáveis de energia e transporte. Por enquanto, parece não haver solução possível para ambos.

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