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Coded Bias

“Coded Bias”, já disponível na Netflix, mostra a imprecisão dos sistemas de reconhecimento facial e seus efeitos para diversos campos da vida cotidiana. ⁣

O documentário parte do trabalho da pesquisadora Joy Buolamwini e sua investigação sobre o preconceito generalizado em algoritmos. Passa por casos que mostram as consequências dos diversos tipos de preconceito embutidos nessas tecnologias. E chega à sua jornada na promoção da primeira legislação nos Estados Unidos sobre o uso estatal e corporativo desses sistemas.⁣

Mas sobre o que falamos quando falamos sobre algoritmos?⁣

Quando tratamos do “algoritmo do google”, ou de qualquer outra plataforma, precisamos nos lembrar que o sentido é de uma sinédoque. Ou seja, usamos uma parte para representar o todo, reduzimos uma ampla rede de agentes, tecnologias, crenças, visões de mundo e de eficiência em apenas um termo: o algoritmo.⁣

Por isso, “algoritmo do google”, por exemplo, representa um emaranhado de modelos de negócios, estruturas corporativas, interesses de acionistas e mercados, linguagens de programação, hierarquias empresariais, compliances, regulações externas, preconceitos de centenas de programadores e ainda a arquitetura de milhares de sistemas conectados entre si. ⁣

Cada vez mais será preciso expor esses emaranhados e realizar uma contravigilância sobre suas formas de atuação, e principalmente seus efeitos.⁣


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Hit Makers

Reza a lenda que na década de 80, o produtor/baixista Liminha trouxe dos EUA, depois de uma turnê com os Mutantes, um livro com um título tipo “Como criar hits na música”. O livro era um presente para um amigo, o guitarrista Lulu Santos.⠀

É muito atraente a idéia de que um livro continha as fórmulas e ingredientes para mais de 30 anos de sucesso do maior hit maker brasileiro. Afinal, americanos tentam explicar tudo. Fica como uma lenda para ser contada nos estúdios e ensaios.⠀

Mas é possível criar um hit?⠀

Derek Thompson tenta responder essa pergunta revendo sucessos da música, design, cinema e diversos objetos de desejo. Essa não é uma busca solitária. Todos os anos indústrias investem seus milhões para tentar descobrir o que está por trás de um super sucesso.⠀

A iHeart Media, por ex, maior proprietária de estações de rádio FM nos EUA, também é proprietária do HitPredictor. O serviço tenta prever o potencial de sucesso de uma música. Trechos são tocados três vezes para um público online, sem mais informações, para testar seu potencial de sucesso.⠀

As notas são de 0 a 100 e uma média final de 60 pontos identifica as músicas com potencial de se transformarem em um hit. (“Hotline Bling”, com Drake, por ex, teve média 70,25).⠀

Mas o caminho para a criação de um hit não precisa ser necessariamente algorítmico. Quer lançar um produto de sucesso? Recorra ao método MAYA, ou “most advanced yet acceptable”.⠀

A idéia é simples: públicos orientam suas preferências a partir de uma mistura de complexo e simples, um estímulo depertado por coisas novas com certo conforto já familiar. Uma tensão entre ser surpreendido e o que já se conhece, um pouco de atração pelo novo, mas com certa resistência com aquilo com que não se está familiarizado.⠀

Ou seja, para vender algo familiar, torne-o surpreendente. E para vender algo surpreendente torne-o familiar. 

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