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Lifelong Kindergarten

Mitchel Resnick tem mais de 30 anos de experiência de pesquisa no MIT Media Lab. Com seu grupo Lifelong Kindergarten desenvolveu o conceito de aprendizagem criativa e projetos para crianças como o ambiente de programação Scratch e os kits de robótica da LEGO.

Muitos pensam no jardim de infância como uma etapa natural. Mas o conceito tem menos de 200 anos, foi inventado na Alemanha e seu criador Friedrich Froebel queria uma ruptura radical com a abordagem de ensino das escolas da época.

Mas para Resnick estamos enfrentando um grande problema. O jardim de infância vai se aproximando cada vez mais do restante da escola. Por isso a proposta de realizar o oposto: tornar toda a vida escolar, e profissional também, mais parecida com o jardim de infância.

Resnick foi aluno de Seymour Papert, matemático e educador pioneiro do uso de computadores na educação, que acreditava na computação como uma ferramenta de disrupção, subversiva, que traria para as crianças possibilidades de criação livre e aberta. Infelizmente, hoje as crianças parecem ter ficado com o papel de ferramenta dessas tecnologias. 

Para Papert, a tecnologia na educação deveria ser baseada em “pisos baixos” e “tetos altos”. Ou seja, oferecer maneiras simples aos iniciantes darem os primeiros passos, mas também possibilidades de trabalhar em projetos cada vez mais sofisticados ao longo do tempo.

O ponto central do livro e de Mitchel Resnick é que precisamos engajar crianças em experiências de aprendizagem criativa, não só no jardim de infância mas por toda a vida. 

Nesses espaços elas são incentivadas às experimentações, criação de protótipos, mashups malucos, materialização de coisas que não existem. E justamente esse espírito criativo se perde na própria escola ao longo do tempo.  

No mundo em aceleração precisamos aprender a capacidade de adaptação a condições em constante transformação. Nesse contexto, o sucesso de indivíduos, comunidades, empresas e países será dependente da capacidade de pensar e agir criativamente. Para além de uma sociedade da informação ou do conhecimento, vamos viver numa sociedade da criatividade.

Recomendo fortemente aos pais e mães, o livro traz muitas idéias, estratégias e ferramentas de como estimular uma aprendizagem criativa. Como disse o poeta irlandês W. B. Yeats, citado no livro, “Educação não é encher um balde, mas acender uma chama”.

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Full-Spectrum Thinking

O ponto central de “Full-Spectrum Thinking”, novo livro de Bob Johansen, do Institute for the Future, está na idéia de que precisamos mudar de uma perspectiva de categorias para um pensamento mais aberto, considerando um espectro mais amplo de possibilidades.

De forma individual, cada pessoa deixa de ser categorizada com um título ou função, para ser percebida a partir de múltiplas identidades, mais fluidas, com diversas camadas, tanto em espaços físicos quanto virtuais.

Isso pode trazer mais tranquilidade a quem hoje não consegue se definir de forma objetiva. Você tem dúvidas de como preencher aquele campo “profissão” em formulários? Sem problemas.

Para o mercado, o produto abre espaço para um espectro maior de negócios, se transformando em novos serviços, modelos de assinatura e transições entre essas possibilidades.

Dois pontos trabalhados por Bon Johansen merecem mais atenção:

1 Cada vez mais os mercados serão redes complexas. E na confusão da complexidade, a vantagem estará na “clareza” – clareza de saber para onde ir, mas muito flexível sobre como chegar lá – e a desvantagem na “certeza”. A complexidade traz muitas certezas, mas muitas delas falsas.

2 A solução para a complexidade está na diversidade. Equipes cuidadosamente formadas são mais capazes de resolver problemas complexos. Como ter rapidamente uma perspectiva mais ampla sobre problemas? Claro, pela soma de muitas perspectivas.

Uma equipe plural não é apenas uma forma mais ética e responsável de condução de negócios. É também uma condição para competitividade e inovação. Equipes formadas por semelhantes são mais ágeis, mas equipes diversas criam inovações mais robustas. 

Portanto, se sua equipe é formada por profissionais na mesma faixa etária, com o mesmo tipo de formação, mesmo gênero, mesma cor, que moram nos mesmos bairros, o futuro (breve) pra você talvez seja ainda mais complexo e confuso. 

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Vale de Israel

Como um país fundado em 1948, sem recursos naturais, com tensões em todas as suas fronteiras, se tornou um líder global em áreas como segurança de computadores, biotecnologia, aeronaves não tripuladas, tecnologia de imagens médicas, internet das coisas, entre outras?

Sem dúvida, o principal recurso de Israel é seu capital humano. E muitos livros tentam resumir o caldeirão de influências que forjaram o país. “Vale de Israel” trata principalmente de um deles: Pesquisa e Desenvolvimento.

Pela impossibilidade de criar uma oferta massiva de produtos padronizados para seu pequeno mercado, o modelo israelense se concentrou em exportar ciência, pesquisa, engenharia e inovação. 

Quatro fatores seriam essenciais para o sucesso israelense em P&D:

– Universidades de excelência, concentradas especialmente no campo científico;

– Capital humano único em termos de experiência, resiliência, disciplina, habilidades e diversidade cultural;

– Sinergia muito forte entre academia e indústria. Cada universidade tem uma empresa de transferência de tecnologia, que em apenas um ano pode levar as inovações para o mercado;

– O Tsahal, exército israelense, que além de ser um catalisador de P&D, possui um modelo de hierarquia flexível, com mais autonomia, que se reflete no perfil profissional israelense. O serviço militar é obrigatório, por 3 anos, também para mulheres.

Se você busca um novo modelo de negócio, trabalho ou desenvolvimento de inovação, não pode perder de vista o que está acontecendo por lá.

“O Vale de Israel – O Escudo Tecnológico da Informação”. Edouard Cukierman e Daniel Rouach. Ed. BestSeller, 2020.

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O Oráculo da Noite

No meu top3 dos livros de 2020 está “O Oráculo da Noite”, de Sidarta Ribeiro.⠀

Já vinha acompanhando há algum tempo novas idéias e conceitos ligados ao sono, estado em que passamos 1/3 da nossa vida. Mas o livro cola todas as peças e cria uma obra fundamental para a exploração do mundo dos sonhos.⠀

É incrível como sonhos podem ser uma fonte riquíssima de criatividade, resolução de problemas e tomada de decisões. ⠀

Quando dormimos, o cérebro continua fazendo seu trabalho, reconectando fatos, informações, testando novos caminhos com todo material armazenado em toda a sua vida.⠀

Mas pouco aprendemos com isso. Os sonhos são esquecidos logo nos primeiros instantes do despertar. E com isso perdemos a chance de receber uma mensagem fruto de todas essas novas conexões.⠀

O livro de Sidarta Ribeiro aponta caminhos para que o mundo dos sonhos seja melhor entendido e explorado. E isso pode ser um ponto de partida para o descobrimento de um mundo completamente novo. ⠀

“No seu melhor, os sonhos são a própria fonte de nosso futuro. O inconsciente é a soma de todas as suas combinações possíveis. Compreende, portanto, muito mais do que o que fomos – compreende tudo o que podemos ser”.

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Weapons of Math Destruction

“Armas de destruição matemática” são modelos ou algoritmos usados para quantificar diversos campos do nosso dia a dia. ⠀

Desde lugares para a realização de uma blitz policial até a capacidade de pessoas pagarem empréstimos ou cometerem crimes. Avaliações desse tipo passam cada vez mais a serem realizadas por modelos matemáticos.⠀

Mas esses modelos não são apenas racionais e objetivos. Há muito do preconceito, racismo e subjetividade de seus criadores embutidos em seus códigos.⠀

O resultado pode ser devastador criando um loop de resultados que reforçam desigualdades financeiras e de oportunidades.⠀

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O Futuro Chegou

Domenico De Masi tratou o Brasil como um modelo a ser seguido pela sua miscigenação, sincretismo e cultura pacífica, mesmo sendo um país marcado pela corrupção, racismo e desigualdades sociais. O ano era 2014 e a proposta do livro fazer um panorama de diferentes modelos de sociedade, que podem nos inspirar para pensar o presente.⠀

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Superprevisões

Se nossas decisões são baseadas no que acreditamos em relação ao futuro, vivemos num mundo de previsões. Para Tetlock e Gardner podemos desenvolver nossa capacidade de previsão do futuro. E até chegar ao nível de “superprevisores”. Livro interessante e rápido, apresenta os caminhos no trabalho de futuristas/previsores.

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De onde vêm as boas ideias

Todo mundo deve reconhecer a lâmpada como símbolo de uma boa idéia. Faz sentido se a gente pensar na iluminação que ela produz, mas pouco na sua forma.

Uma boa idéia é uma rede, um emaranhado, um enxame. E em sua maioria, não nasce pronta, e sim mal-acabada, ainda como intuição.

Steven Johnson discute nesse livro alguns padrões que mostram como intuições se conectam para formar idéias. Conexão é a palavra-chave porque intuições que não se conectam continuam sendo apenas intuições.

Por isso a importância dos cafés, papos no corredor, eventos, etc. Muitas vezes temos apenas intuições ou parte de uma idéia e precisamos buscar, nas intuições de outros, as partes que faltam às nossas.

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