Algoritmos em português

Três livros interessantes para ajudar a entender o mundo “data-driven” em construção agora estão disponíveis também em português. Vamos lá:⁣

Algoritmos de Destruição em Massa (Algorithms of Math Destruction, Cathy O’Neil): pode ser um ponto de partida interessante, cheio de casos e com linguagem fácil, sem excessos matemáticos. Se concentra mais no efeito, no problema, que na estrutura. Cathy O’Neil já é figura conhecida dos documentários “Dilema das Redes” e “Coded Bias”, sempre com seu cabelo azul. ⁣

A Era do Capitalismo de Vigilância (The Age of Surveillance Capitalism, Shoshana Zuboff): indicado como um dos livros de 2019 por Barack Obama, mas não apenas isso, também um trabalho sólido sobre os impactos em diversos setores do circuito de produção e negociação de “modificação comportamental” conduzido por empresas de tecnologia. ⁣

Algoritmos para Viver (Algorithms to Live by, Brian Christian e Tom Griffiths): esse é mais cascudo, tenta relacionar padrões de escolhas que realizamos no cotidiano com princípios matemáticos. Talvez seja mais indicado para quem está interessado em se tornar cientista de dados. Mais estrutura, menos efeitos sociais. ⁣

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Compressorhead

A banda Compressorhead tocando “Smells Like Teen Spirit”, clássico cover do Nirvana, ao vivo em Moscou, 2014.

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Lifelong Kindergarten

Mitchel Resnick tem mais de 30 anos de experiência de pesquisa no MIT Media Lab. Com seu grupo Lifelong Kindergarten desenvolveu o conceito de aprendizagem criativa e projetos para crianças como o ambiente de programação Scratch e os kits de robótica da LEGO.

Muitos pensam no jardim de infância como uma etapa natural. Mas o conceito tem menos de 200 anos, foi inventado na Alemanha e seu criador Friedrich Froebel queria uma ruptura radical com a abordagem de ensino das escolas da época.

Mas para Resnick estamos enfrentando um grande problema. O jardim de infância vai se aproximando cada vez mais do restante da escola. Por isso a proposta de realizar o oposto: tornar toda a vida escolar, e profissional também, mais parecida com o jardim de infância.

Resnick foi aluno de Seymour Papert, matemático e educador pioneiro do uso de computadores na educação, que acreditava na computação como uma ferramenta de disrupção, subversiva, que traria para as crianças possibilidades de criação livre e aberta. Infelizmente, hoje as crianças parecem ter ficado com o papel de ferramenta dessas tecnologias. 

Para Papert, a tecnologia na educação deveria ser baseada em “pisos baixos” e “tetos altos”. Ou seja, oferecer maneiras simples aos iniciantes darem os primeiros passos, mas também possibilidades de trabalhar em projetos cada vez mais sofisticados ao longo do tempo.

O ponto central do livro e de Mitchel Resnick é que precisamos engajar crianças em experiências de aprendizagem criativa, não só no jardim de infância mas por toda a vida. 

Nesses espaços elas são incentivadas às experimentações, criação de protótipos, mashups malucos, materialização de coisas que não existem. E justamente esse espírito criativo se perde na própria escola ao longo do tempo.  

No mundo em aceleração precisamos aprender a capacidade de adaptação a condições em constante transformação. Nesse contexto, o sucesso de indivíduos, comunidades, empresas e países será dependente da capacidade de pensar e agir criativamente. Para além de uma sociedade da informação ou do conhecimento, vamos viver numa sociedade da criatividade.

Recomendo fortemente aos pais e mães, o livro traz muitas idéias, estratégias e ferramentas de como estimular uma aprendizagem criativa. Como disse o poeta irlandês W. B. Yeats, citado no livro, “Educação não é encher um balde, mas acender uma chama”.

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Faster than the Future

O ebook ‘Faster than the Future – Facing the Digital Age’ aborda 10 principais tópicos econômicos e sociais para o século XXI. Uma produção da Digital Future Society, com download livre aqui.

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Coded Bias

“Coded Bias”, já disponível na Netflix, mostra a imprecisão dos sistemas de reconhecimento facial e seus efeitos para diversos campos da vida cotidiana. ⁣

O documentário parte do trabalho da pesquisadora Joy Buolamwini e sua investigação sobre o preconceito generalizado em algoritmos. Passa por casos que mostram as consequências dos diversos tipos de preconceito embutidos nessas tecnologias. E chega à sua jornada na promoção da primeira legislação nos Estados Unidos sobre o uso estatal e corporativo desses sistemas.⁣

Mas sobre o que falamos quando falamos sobre algoritmos?⁣

Quando tratamos do “algoritmo do google”, ou de qualquer outra plataforma, precisamos nos lembrar que o sentido é de uma sinédoque. Ou seja, usamos uma parte para representar o todo, reduzimos uma ampla rede de agentes, tecnologias, crenças, visões de mundo e de eficiência em apenas um termo: o algoritmo.⁣

Por isso, “algoritmo do google”, por exemplo, representa um emaranhado de modelos de negócios, estruturas corporativas, interesses de acionistas e mercados, linguagens de programação, hierarquias empresariais, compliances, regulações externas, preconceitos de centenas de programadores e ainda a arquitetura de milhares de sistemas conectados entre si. ⁣

Cada vez mais será preciso expor esses emaranhados e realizar uma contravigilância sobre suas formas de atuação, e principalmente seus efeitos.⁣


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Jiro Dreams of Sushi

Jiro Dreams of Sushi (2011).⠀

Esse doc traz insights importantes sobre criatividade, cultura, arte e gastronomia. Jiro Ono tem hoje 95 anos e especialistas o consideram um dos maiores chefs de sushi do mundo. ⠀

Com seu filho e equipe de 4 assistentes, ele comanda o Sukiyabashi Jiro Honten, restaurante com apenas 10 lugares, no Japão. ⠀

A história mostra a busca obsessiva de Jiro pelo sushi perfeito. São décadas de um processo repetitivo, artesanal, com o apoio de fornecedores de peixes e ingredientes igualmente radicais.⠀

Mesmo depois do filtro dos fornecedores, há um ritual: o próprio Jiro experimenta e analisa para uma aprovação final. Se não estiver perfeito, não serve. Na verdade quase perfeito, porque Jiro não considera ter chegado ainda ao sushi perfeito. ⠀

Todos os dias, sob a supervisão do chef, a equipe também faz uma degustação, comendo o que de melhor será servido aos clientes. Segundo Jiro, a equipe não pode ter um paladar inferior ao dos clientes. Por isso aprimorar o paladar é um processo contínuo, uma cobrança diária e sem fim.⠀

Vamos ao ponto: aprimorar o paladar é um exercício fundamental para o pensamento criativo. ⠀

É preciso experimentar novos sabores, ampliar a capacidade dos sentidos, expandir o repertório do nosso paladar através de novos pratos, ingredientes.

Qual será o sabor do atum para Jiro Ono?⠀

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Deep Work

Quase todo mundo já tá sabendo que uma das competências mais importantes a serem desenvolvidas daqui pra frente é “aprender a aprender”.⠀

Ou seja, teremos que rapidamente desenvolver novas habilidades, cada vez mais complexas, e chegar a um nível alto de desempenho, tudo isso em pouquíssimo tempo.⠀

No livro “Deep Work”, Cal Newport vai direto ao ponto: no mundo atual, cheio de distrações, aprender rápido tem a ver com a capacidade de se envolver em um estado de profunda concentração. É preciso se sentir confortável em entrar no modo “deep work” por longos períodos de tempo, para chegar a níveis altos de qualidade e quantidade cada vez mais valorizados.⠀

E esta aí o problema. ⠀

Notificações, mensagens, smart watchs, telas, mídias sociais e até os espaços compartilhados de trabalho não ajudam em nada. ⠀

A proposta não serve para todos, claro. Mas se faz sentido para você o livro traz insights interessantes, diferentes estilos de “trabalho zen” e estratégias para aumentar sua capacidade de concentração produtiva.⠀

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Hit Makers

Reza a lenda que na década de 80, o produtor/baixista Liminha trouxe dos EUA, depois de uma turnê com os Mutantes, um livro com um título tipo “Como criar hits na música”. O livro era um presente para um amigo, o guitarrista Lulu Santos.⠀

É muito atraente a idéia de que um livro continha as fórmulas e ingredientes para mais de 30 anos de sucesso do maior hit maker brasileiro. Afinal, americanos tentam explicar tudo. Fica como uma lenda para ser contada nos estúdios e ensaios.⠀

Mas é possível criar um hit?⠀

Derek Thompson tenta responder essa pergunta revendo sucessos da música, design, cinema e diversos objetos de desejo. Essa não é uma busca solitária. Todos os anos indústrias investem seus milhões para tentar descobrir o que está por trás de um super sucesso.⠀

A iHeart Media, por ex, maior proprietária de estações de rádio FM nos EUA, também é proprietária do HitPredictor. O serviço tenta prever o potencial de sucesso de uma música. Trechos são tocados três vezes para um público online, sem mais informações, para testar seu potencial de sucesso.⠀

As notas são de 0 a 100 e uma média final de 60 pontos identifica as músicas com potencial de se transformarem em um hit. (“Hotline Bling”, com Drake, por ex, teve média 70,25).⠀

Mas o caminho para a criação de um hit não precisa ser necessariamente algorítmico. Quer lançar um produto de sucesso? Recorra ao método MAYA, ou “most advanced yet acceptable”.⠀

A idéia é simples: públicos orientam suas preferências a partir de uma mistura de complexo e simples, um estímulo depertado por coisas novas com certo conforto já familiar. Uma tensão entre ser surpreendido e o que já se conhece, um pouco de atração pelo novo, mas com certa resistência com aquilo com que não se está familiarizado.⠀

Ou seja, para vender algo familiar, torne-o surpreendente. E para vender algo surpreendente torne-o familiar. 

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Para toda força existe uma resistência. No caso do aprendizado, assim como tantos outros campos, essa resistência lança mão de estratégias puramente emocionais. A vontade de aprender parece vir seguida de um receio de não aprender. Nada intelectual, tudo emocional.⁣

Quando isso acontecer, não dê ouvidos a si mesmo.⁣

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Full-Spectrum Thinking

O ponto central de “Full-Spectrum Thinking”, novo livro de Bob Johansen, do Institute for the Future, está na idéia de que precisamos mudar de uma perspectiva de categorias para um pensamento mais aberto, considerando um espectro mais amplo de possibilidades.

De forma individual, cada pessoa deixa de ser categorizada com um título ou função, para ser percebida a partir de múltiplas identidades, mais fluidas, com diversas camadas, tanto em espaços físicos quanto virtuais.

Isso pode trazer mais tranquilidade a quem hoje não consegue se definir de forma objetiva. Você tem dúvidas de como preencher aquele campo “profissão” em formulários? Sem problemas.

Para o mercado, o produto abre espaço para um espectro maior de negócios, se transformando em novos serviços, modelos de assinatura e transições entre essas possibilidades.

Dois pontos trabalhados por Bon Johansen merecem mais atenção:

1 Cada vez mais os mercados serão redes complexas. E na confusão da complexidade, a vantagem estará na “clareza” – clareza de saber para onde ir, mas muito flexível sobre como chegar lá – e a desvantagem na “certeza”. A complexidade traz muitas certezas, mas muitas delas falsas.

2 A solução para a complexidade está na diversidade. Equipes cuidadosamente formadas são mais capazes de resolver problemas complexos. Como ter rapidamente uma perspectiva mais ampla sobre problemas? Claro, pela soma de muitas perspectivas.

Uma equipe plural não é apenas uma forma mais ética e responsável de condução de negócios. É também uma condição para competitividade e inovação. Equipes formadas por semelhantes são mais ágeis, mas equipes diversas criam inovações mais robustas. 

Portanto, se sua equipe é formada por profissionais na mesma faixa etária, com o mesmo tipo de formação, mesmo gênero, mesma cor, que moram nos mesmos bairros, o futuro (breve) pra você talvez seja ainda mais complexo e confuso. 

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Invisibles – Les Travailleurs du Clic

“Invisibles – Les Travailleurs du Clic” é um doc produzido pela France Télévisions  (France.tv), emissora de tv pública francesa. Interessante ver a perspectiva de trabalhadores das plataformas de delivery em outros países, mas não há praticamente diferenças. Falta de assistência, valores baixos, ritmo de trabalho forte, desejo de novas oportunidades e a sensação de ser visto como uma máquina pelo sistema são os pontos principais.

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Future Today Institute

Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, apresentou no SXSW 2021 a 14ª edição do seu Tech Trends Report. 

O relatório é resultado de uma análise de quase 500 tendências de tecnologia e ciência em vários setores da indústria. Ao todo são 12 relatórios separados com tendências divididas por temas. Há ainda o que foi chamado de “Livro Zero”, com detalhes sobre a metodologia usada no trabalho.

Segundo o Future Today Institute, a proposta é trazer “percepções críticas para líderes de negócios, estratégia, governo e estratégia”.

Download disponível aqui.

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Cozinhas Fantasmas

O conceito de “cozinhas fantasmas” já está por aí há algum tempo, por volta de 5 anos. São cozinhas do tipo “delivery-first”, ou seja, voltadas exclusivamente para entregas. Com a pandemia de covid 19, esse modelo ganhou um novo patamar.

Nas cozinhas fantasmas não há mesas, garçons ou recepcionistas. Nenhum espaço para clientes. Os pedidos são entregues diretamente aos motoboys dos aplicativos de delivery. O modelo proliferou durante os lockdowns em todo o mundo e agora consultorias, como a Euromonitor, estimam um mercado de US$ 1 trilhão até 2030.

Para os restaurantes isso traz novos formatos de negócio, como aluguel de espaço em  cozinhas compartilhadas, onde operam diversas marcas, ou aluguel de cozinhas de hotéis e escolas de gastronomia em horários fora de pico. De um lado há a redução de custos com pessoal, mobiliário, espaço e serviços. Mas por outro vem a dificuldade na criação de experiências mais ricas e marcas fortes. 

Novos players estão investindo no link entre cozinhas já disponíveis e empreendedores. Um tipo de Airbnb das cozinhas fantasmas, para que chefs e empresários possam começar a operar rapidamente no mercado de delivery. Os principais são:

. Kitch – usekitch.com

. Zuul – zull.com

. CloudKitchens – cloudkitchens.com 

Esse último é uma startup de Travis Kalanick, fundador da Uber

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“…e a Era do Petróleo terminará, mas não por falta de petróleo.” Essa frase é do Sheik Ahmed Zaki Yamani, que durante duas décadas, de 1962 a 1986, foi ministro do petróleo da Arábia Saudita. ⠀

Atualmente, as reservas do país são estimadas em 266 bilhões de barris de petróleo.⠀

Mas valem até quando?⠀

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