Algoritmos em português

Três livros interessantes para ajudar a entender o mundo “data-driven” em construção agora estão disponíveis também em português. Vamos lá:⁣

Algoritmos de Destruição em Massa (Algorithms of Math Destruction, Cathy O’Neil): pode ser um ponto de partida interessante, cheio de casos e com linguagem fácil, sem excessos matemáticos. Se concentra mais no efeito, no problema, que na estrutura. Cathy O’Neil já é figura conhecida dos documentários “Dilema das Redes” e “Coded Bias”, sempre com seu cabelo azul. ⁣

A Era do Capitalismo de Vigilância (The Age of Surveillance Capitalism, Shoshana Zuboff): indicado como um dos livros de 2019 por Barack Obama, mas não apenas isso, também um trabalho sólido sobre os impactos em diversos setores do circuito de produção e negociação de “modificação comportamental” conduzido por empresas de tecnologia. ⁣

Algoritmos para Viver (Algorithms to Live by, Brian Christian e Tom Griffiths): esse é mais cascudo, tenta relacionar padrões de escolhas que realizamos no cotidiano com princípios matemáticos. Talvez seja mais indicado para quem está interessado em se tornar cientista de dados. Mais estrutura, menos efeitos sociais. ⁣

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Compressorhead

A banda Compressorhead tocando “Smells Like Teen Spirit”, clássico cover do Nirvana, ao vivo em Moscou, 2014.

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Lifelong Kindergarten

Mitchel Resnick tem mais de 30 anos de experiência de pesquisa no MIT Media Lab. Com seu grupo Lifelong Kindergarten desenvolveu o conceito de aprendizagem criativa e projetos para crianças como o ambiente de programação Scratch e os kits de robótica da LEGO.

Muitos pensam no jardim de infância como uma etapa natural. Mas o conceito tem menos de 200 anos, foi inventado na Alemanha e seu criador Friedrich Froebel queria uma ruptura radical com a abordagem de ensino das escolas da época.

Mas para Resnick estamos enfrentando um grande problema. O jardim de infância vai se aproximando cada vez mais do restante da escola. Por isso a proposta de realizar o oposto: tornar toda a vida escolar, e profissional também, mais parecida com o jardim de infância.

Resnick foi aluno de Seymour Papert, matemático e educador pioneiro do uso de computadores na educação, que acreditava na computação como uma ferramenta de disrupção, subversiva, que traria para as crianças possibilidades de criação livre e aberta. Infelizmente, hoje as crianças parecem ter ficado com o papel de ferramenta dessas tecnologias. 

Para Papert, a tecnologia na educação deveria ser baseada em “pisos baixos” e “tetos altos”. Ou seja, oferecer maneiras simples aos iniciantes darem os primeiros passos, mas também possibilidades de trabalhar em projetos cada vez mais sofisticados ao longo do tempo.

O ponto central do livro e de Mitchel Resnick é que precisamos engajar crianças em experiências de aprendizagem criativa, não só no jardim de infância mas por toda a vida. 

Nesses espaços elas são incentivadas às experimentações, criação de protótipos, mashups malucos, materialização de coisas que não existem. E justamente esse espírito criativo se perde na própria escola ao longo do tempo.  

No mundo em aceleração precisamos aprender a capacidade de adaptação a condições em constante transformação. Nesse contexto, o sucesso de indivíduos, comunidades, empresas e países será dependente da capacidade de pensar e agir criativamente. Para além de uma sociedade da informação ou do conhecimento, vamos viver numa sociedade da criatividade.

Recomendo fortemente aos pais e mães, o livro traz muitas idéias, estratégias e ferramentas de como estimular uma aprendizagem criativa. Como disse o poeta irlandês W. B. Yeats, citado no livro, “Educação não é encher um balde, mas acender uma chama”.

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Faster than the Future

O ebook ‘Faster than the Future – Facing the Digital Age’ aborda 10 principais tópicos econômicos e sociais para o século XXI. Uma produção da Digital Future Society, com download livre aqui.

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Coded Bias

“Coded Bias”, já disponível na Netflix, mostra a imprecisão dos sistemas de reconhecimento facial e seus efeitos para diversos campos da vida cotidiana. ⁣

O documentário parte do trabalho da pesquisadora Joy Buolamwini e sua investigação sobre o preconceito generalizado em algoritmos. Passa por casos que mostram as consequências dos diversos tipos de preconceito embutidos nessas tecnologias. E chega à sua jornada na promoção da primeira legislação nos Estados Unidos sobre o uso estatal e corporativo desses sistemas.⁣

Mas sobre o que falamos quando falamos sobre algoritmos?⁣

Quando tratamos do “algoritmo do google”, ou de qualquer outra plataforma, precisamos nos lembrar que o sentido é de uma sinédoque. Ou seja, usamos uma parte para representar o todo, reduzimos uma ampla rede de agentes, tecnologias, crenças, visões de mundo e de eficiência em apenas um termo: o algoritmo.⁣

Por isso, “algoritmo do google”, por exemplo, representa um emaranhado de modelos de negócios, estruturas corporativas, interesses de acionistas e mercados, linguagens de programação, hierarquias empresariais, compliances, regulações externas, preconceitos de centenas de programadores e ainda a arquitetura de milhares de sistemas conectados entre si. ⁣

Cada vez mais será preciso expor esses emaranhados e realizar uma contravigilância sobre suas formas de atuação, e principalmente seus efeitos.⁣


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Jiro Dreams of Sushi

Jiro Dreams of Sushi (2011).⠀

Esse doc traz insights importantes sobre criatividade, cultura, arte e gastronomia. Jiro Ono tem hoje 95 anos e especialistas o consideram um dos maiores chefs de sushi do mundo. ⠀

Com seu filho e equipe de 4 assistentes, ele comanda o Sukiyabashi Jiro Honten, restaurante com apenas 10 lugares, no Japão. ⠀

A história mostra a busca obsessiva de Jiro pelo sushi perfeito. São décadas de um processo repetitivo, artesanal, com o apoio de fornecedores de peixes e ingredientes igualmente radicais.⠀

Mesmo depois do filtro dos fornecedores, há um ritual: o próprio Jiro experimenta e analisa para uma aprovação final. Se não estiver perfeito, não serve. Na verdade quase perfeito, porque Jiro não considera ter chegado ainda ao sushi perfeito. ⠀

Todos os dias, sob a supervisão do chef, a equipe também faz uma degustação, comendo o que de melhor será servido aos clientes. Segundo Jiro, a equipe não pode ter um paladar inferior ao dos clientes. Por isso aprimorar o paladar é um processo contínuo, uma cobrança diária e sem fim.⠀

Vamos ao ponto: aprimorar o paladar é um exercício fundamental para o pensamento criativo. ⠀

É preciso experimentar novos sabores, ampliar a capacidade dos sentidos, expandir o repertório do nosso paladar através de novos pratos, ingredientes.

Qual será o sabor do atum para Jiro Ono?⠀

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Deep Work

Quase todo mundo já tá sabendo que uma das competências mais importantes a serem desenvolvidas daqui pra frente é “aprender a aprender”.⠀

Ou seja, teremos que rapidamente desenvolver novas habilidades, cada vez mais complexas, e chegar a um nível alto de desempenho, tudo isso em pouquíssimo tempo.⠀

No livro “Deep Work”, Cal Newport vai direto ao ponto: no mundo atual, cheio de distrações, aprender rápido tem a ver com a capacidade de se envolver em um estado de profunda concentração. É preciso se sentir confortável em entrar no modo “deep work” por longos períodos de tempo, para chegar a níveis altos de qualidade e quantidade cada vez mais valorizados.⠀

E esta aí o problema. ⠀

Notificações, mensagens, smart watchs, telas, mídias sociais e até os espaços compartilhados de trabalho não ajudam em nada. ⠀

A proposta não serve para todos, claro. Mas se faz sentido para você o livro traz insights interessantes, diferentes estilos de “trabalho zen” e estratégias para aumentar sua capacidade de concentração produtiva.⠀

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Hit Makers

Reza a lenda que na década de 80, o produtor/baixista Liminha trouxe dos EUA, depois de uma turnê com os Mutantes, um livro com um título tipo “Como criar hits na música”. O livro era um presente para um amigo, o guitarrista Lulu Santos.⠀

É muito atraente a idéia de que um livro continha as fórmulas e ingredientes para mais de 30 anos de sucesso do maior hit maker brasileiro. Afinal, americanos tentam explicar tudo. Fica como uma lenda para ser contada nos estúdios e ensaios.⠀

Mas é possível criar um hit?⠀

Derek Thompson tenta responder essa pergunta revendo sucessos da música, design, cinema e diversos objetos de desejo. Essa não é uma busca solitária. Todos os anos indústrias investem seus milhões para tentar descobrir o que está por trás de um super sucesso.⠀

A iHeart Media, por ex, maior proprietária de estações de rádio FM nos EUA, também é proprietária do HitPredictor. O serviço tenta prever o potencial de sucesso de uma música. Trechos são tocados três vezes para um público online, sem mais informações, para testar seu potencial de sucesso.⠀

As notas são de 0 a 100 e uma média final de 60 pontos identifica as músicas com potencial de se transformarem em um hit. (“Hotline Bling”, com Drake, por ex, teve média 70,25).⠀

Mas o caminho para a criação de um hit não precisa ser necessariamente algorítmico. Quer lançar um produto de sucesso? Recorra ao método MAYA, ou “most advanced yet acceptable”.⠀

A idéia é simples: públicos orientam suas preferências a partir de uma mistura de complexo e simples, um estímulo depertado por coisas novas com certo conforto já familiar. Uma tensão entre ser surpreendido e o que já se conhece, um pouco de atração pelo novo, mas com certa resistência com aquilo com que não se está familiarizado.⠀

Ou seja, para vender algo familiar, torne-o surpreendente. E para vender algo surpreendente torne-o familiar. 

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Para toda força existe uma resistência. No caso do aprendizado, assim como tantos outros campos, essa resistência lança mão de estratégias puramente emocionais. A vontade de aprender parece vir seguida de um receio de não aprender. Nada intelectual, tudo emocional.⁣

Quando isso acontecer, não dê ouvidos a si mesmo.⁣

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Full-Spectrum Thinking

O ponto central de “Full-Spectrum Thinking”, novo livro de Bob Johansen, do Institute for the Future, está na idéia de que precisamos mudar de uma perspectiva de categorias para um pensamento mais aberto, considerando um espectro mais amplo de possibilidades.

De forma individual, cada pessoa deixa de ser categorizada com um título ou função, para ser percebida a partir de múltiplas identidades, mais fluidas, com diversas camadas, tanto em espaços físicos quanto virtuais.

Isso pode trazer mais tranquilidade a quem hoje não consegue se definir de forma objetiva. Você tem dúvidas de como preencher aquele campo “profissão” em formulários? Sem problemas.

Para o mercado, o produto abre espaço para um espectro maior de negócios, se transformando em novos serviços, modelos de assinatura e transições entre essas possibilidades.

Dois pontos trabalhados por Bon Johansen merecem mais atenção:

1 Cada vez mais os mercados serão redes complexas. E na confusão da complexidade, a vantagem estará na “clareza” – clareza de saber para onde ir, mas muito flexível sobre como chegar lá – e a desvantagem na “certeza”. A complexidade traz muitas certezas, mas muitas delas falsas.

2 A solução para a complexidade está na diversidade. Equipes cuidadosamente formadas são mais capazes de resolver problemas complexos. Como ter rapidamente uma perspectiva mais ampla sobre problemas? Claro, pela soma de muitas perspectivas.

Uma equipe plural não é apenas uma forma mais ética e responsável de condução de negócios. É também uma condição para competitividade e inovação. Equipes formadas por semelhantes são mais ágeis, mas equipes diversas criam inovações mais robustas. 

Portanto, se sua equipe é formada por profissionais na mesma faixa etária, com o mesmo tipo de formação, mesmo gênero, mesma cor, que moram nos mesmos bairros, o futuro (breve) pra você talvez seja ainda mais complexo e confuso. 

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Invisibles – Les Travailleurs du Clic

“Invisibles – Les Travailleurs du Clic” é um doc produzido pela France Télévisions  (France.tv), emissora de tv pública francesa. Interessante ver a perspectiva de trabalhadores das plataformas de delivery em outros países, mas não há praticamente diferenças. Falta de assistência, valores baixos, ritmo de trabalho forte, desejo de novas oportunidades e a sensação de ser visto como uma máquina pelo sistema são os pontos principais.

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Future Today Institute

Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, apresentou no SXSW 2021 a 14ª edição do seu Tech Trends Report. 

O relatório é resultado de uma análise de quase 500 tendências de tecnologia e ciência em vários setores da indústria. Ao todo são 12 relatórios separados com tendências divididas por temas. Há ainda o que foi chamado de “Livro Zero”, com detalhes sobre a metodologia usada no trabalho.

Segundo o Future Today Institute, a proposta é trazer “percepções críticas para líderes de negócios, estratégia, governo e estratégia”.

Download disponível aqui.

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Cozinhas Fantasmas

O conceito de “cozinhas fantasmas” já está por aí há algum tempo, por volta de 5 anos. São cozinhas do tipo “delivery-first”, ou seja, voltadas exclusivamente para entregas. Com a pandemia de covid 19, esse modelo ganhou um novo patamar.

Nas cozinhas fantasmas não há mesas, garçons ou recepcionistas. Nenhum espaço para clientes. Os pedidos são entregues diretamente aos motoboys dos aplicativos de delivery. O modelo proliferou durante os lockdowns em todo o mundo e agora consultorias, como a Euromonitor, estimam um mercado de US$ 1 trilhão até 2030.

Para os restaurantes isso traz novos formatos de negócio, como aluguel de espaço em  cozinhas compartilhadas, onde operam diversas marcas, ou aluguel de cozinhas de hotéis e escolas de gastronomia em horários fora de pico. De um lado há a redução de custos com pessoal, mobiliário, espaço e serviços. Mas por outro vem a dificuldade na criação de experiências mais ricas e marcas fortes. 

Novos players estão investindo no link entre cozinhas já disponíveis e empreendedores. Um tipo de Airbnb das cozinhas fantasmas, para que chefs e empresários possam começar a operar rapidamente no mercado de delivery. Os principais são:

. Kitch – usekitch.com

. Zuul – zull.com

. CloudKitchens – cloudkitchens.com 

Esse último é uma startup de Travis Kalanick, fundador da Uber

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“…e a Era do Petróleo terminará, mas não por falta de petróleo.” Essa frase é do Sheik Ahmed Zaki Yamani, que durante duas décadas, de 1962 a 1986, foi ministro do petróleo da Arábia Saudita. ⠀

Atualmente, as reservas do país são estimadas em 266 bilhões de barris de petróleo.⠀

Mas valem até quando?⠀

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Vale de Israel

Como um país fundado em 1948, sem recursos naturais, com tensões em todas as suas fronteiras, se tornou um líder global em áreas como segurança de computadores, biotecnologia, aeronaves não tripuladas, tecnologia de imagens médicas, internet das coisas, entre outras?

Sem dúvida, o principal recurso de Israel é seu capital humano. E muitos livros tentam resumir o caldeirão de influências que forjaram o país. “Vale de Israel” trata principalmente de um deles: Pesquisa e Desenvolvimento.

Pela impossibilidade de criar uma oferta massiva de produtos padronizados para seu pequeno mercado, o modelo israelense se concentrou em exportar ciência, pesquisa, engenharia e inovação. 

Quatro fatores seriam essenciais para o sucesso israelense em P&D:

– Universidades de excelência, concentradas especialmente no campo científico;

– Capital humano único em termos de experiência, resiliência, disciplina, habilidades e diversidade cultural;

– Sinergia muito forte entre academia e indústria. Cada universidade tem uma empresa de transferência de tecnologia, que em apenas um ano pode levar as inovações para o mercado;

– O Tsahal, exército israelense, que além de ser um catalisador de P&D, possui um modelo de hierarquia flexível, com mais autonomia, que se reflete no perfil profissional israelense. O serviço militar é obrigatório, por 3 anos, também para mulheres.

Se você busca um novo modelo de negócio, trabalho ou desenvolvimento de inovação, não pode perder de vista o que está acontecendo por lá.

“O Vale de Israel – O Escudo Tecnológico da Informação”. Edouard Cukierman e Daniel Rouach. Ed. BestSeller, 2020.

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Un click y no trabajás más

Produção argentina aborda situação dos entregadores, principalmente da plataforma Rappi. Há um desequilíbrio na relação, para as plataformas os trabalhadores podem ser bloqueados/deletados de forma muito simples e rápida caso não se comportem da forma esperada. Um clique de um operador e você não faz mais parte do sistema.

Via Revista Anfibia.

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Dilema das Redes

The Social Dilemma (2020). 

Muitos comentários já foram feitos sobre o documentário, um dos mais vistos atualmente na Netflix. Mas claro, deixo aqui minhas contribuições. São principalmente duas:⠀

Prmeira, sempre que possível é importante expor os efeitos dos algoritmos. Isso não está claro pra muita gente e quanto mais formas interessantes de expor o problema, melhor. ⠀

O documentário é divertido, traz analistas importantes para comentar e pode chegar a muito mais gente que não teria acesso fácil a essa discussão.⠀

Segunda, também é importante expor quem está pensando esses sistemas. Tirando um indiano e talvez duas mulheres, todos os outros são figuras do mesmo tipo. Nascidos nos EUA, formação em instituições de alto padrão, homens, brancos, mesma faixa etária, consumidores dos mesmos serviços e tecnologias. ⠀

E o problema aí é que esse perfil elabora os sistemas que impactam de forma violenta as relações sociais, a forma de pensar, trabalhar e diversos campos da vida pessoal no mundo inteiro.⠀

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The Master Algorithm

No livro “The Master Algorithm”, o autor Pedro Domingos, professor de ciência da computação na Universidade de Washignton, apresenta uma hipótese central: “A existência de um algoritmo único capaz de descobrir todo o conhecimento – passado, presente e futuro – a partir de dados, um algoritmo-mestre.”

Hoje algoritmos estão no centro de nossa vida cotidiana. Não apenas nos resultados do Google, sugestões de livros e filmes da Amazon e Netflix, seleção de posts do Twitter e Facebook ou filtros de spam do Gmail. Mas também no controle de carros, elevadores, catracas de acesso a edifícios, pulseiras de monitoramento de dados pessoais (wearables), dispositivos de comunicação e incontáveis sistemas de bancos, companhias aéreas, fábricas e negócios. E cada vez aprendem mais e mais com os dados que processam continuamente.

O avanço em sua capacidade de aprendizado levou ao surgimento dos learning algorithms. A estes são colocados os dados de entrada e os resultados desejados. Mas não a forma como chegar a esses resultados. Os learners, como também são chamados, são capazes de produzir, testar, descartar e refinar hipóteses. São algoritmos capazes de criar outros algoritmos. Nos learners está a base para o machine learning, conceito no qual computadores podem produzir seus próprios programas.

Mas por que estamos criando máquinas capazes de desenvolver seus próprios aprendizados? Podemos nos concentrar em problemas imediatos, como encontrar a cura do câncer, por exemplo. De forma resumida, considere duas dificuldades no tratamento do câncer. A primeira é que a doença se desenvolve provocando uma série de outras complicações relacionadas a ela. Não há um padrão, mas uma grande variedade de formas do avanço da doença. Também não há um tipo único de reação aos medicamentos usados no tratamento. Cada paciente reage de uma forma particular a partir da condição de seu corpo. Está aí a segunda dificuldade. Com a evolução do machine learning, algoritmos podem se tornar capazes de desenvolver estratégias particulares de tratamento para cada paciente a partir das características de sua doença e da condição fisiológica do seu corpo. E ainda formular medicamentos individuais para cada um deles. Enquanto grupos de cientistas humanos poderiam levar quase uma vida para testar centenas de hipóteses, os learners realizariam o mesmo trabalho em frações de um segundo.

O livro traz comparações sobre a forma de funcionamento e as diferentes propriedades de computadores e do cérebro humano, que servem de pistas sobre como o aprendizado das máquinas pode se desenvolver com o tempo. Computadores fazem cálculos através de uma pequeno passo de cada vez. Como resultado eles precisam de muitas etapas para realizar algum processamento útil. Mas por outro lado, essas etapas podem ser realizadas de forma muito rápida porque seus transistores podem ligar e desligar bilhões de vezes por segundo. Já o cérebro humano pode executar um grande número de cálculos em paralelo, com bilhões de neurônios trabalhando ao mesmo tempo. Mas cada um desses cálculos é lento porque os neurônios podem disparar na melhor das hipóteses mil vezes por segundo.

master

Comentei com o Prof. Rodrigo Firmino, da PUC-PR, sobre a idéia do algoritmo-mestre. Sua resposta foi rápida: “Será Deus?”. Para os religiosos, com certeza, sim. Deus pode ser a fórmula que dá sentido a todos os eventos e seres vivos. Se um algoritmo define “o que fazer” e “como fazer”, a idéia de um algoritmo-mestre depende de uma determinada perspectiva. Para os biólogos essa resposta pode estar no DNA, para os neurocientistas no cérebro humano, e para os matemáticos numa equação universal, que contém a sequência Fibonacci, sua linha de ouro e todas as outras equações. Talvez os físicos pensem nas leis de Newton ou leis quânticas ainda desconhecidas. Para o inventor britânico Charles Babbage, pioneiro da computação, ainda no século XIX, Deus não criou as espécies, mas o algoritmo para sua criação. A evolução, portanto, seria o verdadeiro algoritmo-mestre.

“The Master Algorithm” não é um livro de leitura simples para os que não pertecem ao campo da ciência da computação, embora muitas questões e idéias sejam simplificadas para um público mais amplo. São apresentadas diferentes escolas de machine learning e como cada uma delas busca seu algoritmo universal. Os exemplos e suas explicações, no entanto, são muito interessantes para criar um panorama das transformações produzidas pelas “máquinas que pensam” em um futuro bastante próximo.

p.s.: Atualização em 07/08/16: IBM’s Watson AI saved a woman from leukemia

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The Cleaners

Algoritmos podem identificar certos padrões em imagens, mas em alguns casos ainda é necessário uma avaliação humana sobre seu conteúdo. ⠀

Por isso, plataformas como Facebook, Twitter e YouTube contratam empresas para remover conteúdo indesejado em suas redes. ⠀

Nessas empresas, centenas de jovens, de 18 a 20 anos, passam até 10h por dia vendo e classificando milhares de imagens perturbadoras. Violência, abusos, pedofilia, terrorismo são os temas mais comuns. ⠀

O serviço é chamado de “digital cleaning”, e os trabalhadores são os “content moderators”. A cada imagem apresentada na tela eles devem apenas escolher entre deletar ou ignorar em poucos segundos.⠀

As empresas de “digital cleaning” estão localizadas em países distantes das sedes das plataformas de conteúdo. Muitas delas nas Filipinas. ⠀

E não há nenhum tipo de proteção aos “content moderators”, principalmente em relação aos efeitos psicológicos causados pela constante visualização de milhares de imagens chocantes. 

“The Cleaners” é um documentário sobre a rotina de trabalho desses moderadores de conteúdo. ⠀

E sobre o outro lado traumático das imagens felizes publicadas nas mídias sociais. ⠀

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O Oráculo da Noite

No meu top3 dos livros de 2020 está “O Oráculo da Noite”, de Sidarta Ribeiro.⠀

Já vinha acompanhando há algum tempo novas idéias e conceitos ligados ao sono, estado em que passamos 1/3 da nossa vida. Mas o livro cola todas as peças e cria uma obra fundamental para a exploração do mundo dos sonhos.⠀

É incrível como sonhos podem ser uma fonte riquíssima de criatividade, resolução de problemas e tomada de decisões. ⠀

Quando dormimos, o cérebro continua fazendo seu trabalho, reconectando fatos, informações, testando novos caminhos com todo material armazenado em toda a sua vida.⠀

Mas pouco aprendemos com isso. Os sonhos são esquecidos logo nos primeiros instantes do despertar. E com isso perdemos a chance de receber uma mensagem fruto de todas essas novas conexões.⠀

O livro de Sidarta Ribeiro aponta caminhos para que o mundo dos sonhos seja melhor entendido e explorado. E isso pode ser um ponto de partida para o descobrimento de um mundo completamente novo. ⠀

“No seu melhor, os sonhos são a própria fonte de nosso futuro. O inconsciente é a soma de todas as suas combinações possíveis. Compreende, portanto, muito mais do que o que fomos – compreende tudo o que podemos ser”.

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Weapons of Math Destruction

“Armas de destruição matemática” são modelos ou algoritmos usados para quantificar diversos campos do nosso dia a dia. ⠀

Desde lugares para a realização de uma blitz policial até a capacidade de pessoas pagarem empréstimos ou cometerem crimes. Avaliações desse tipo passam cada vez mais a serem realizadas por modelos matemáticos.⠀

Mas esses modelos não são apenas racionais e objetivos. Há muito do preconceito, racismo e subjetividade de seus criadores embutidos em seus códigos.⠀

O resultado pode ser devastador criando um loop de resultados que reforçam desigualdades financeiras e de oportunidades.⠀

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O Futuro Chegou

Domenico De Masi tratou o Brasil como um modelo a ser seguido pela sua miscigenação, sincretismo e cultura pacífica, mesmo sendo um país marcado pela corrupção, racismo e desigualdades sociais. O ano era 2014 e a proposta do livro fazer um panorama de diferentes modelos de sociedade, que podem nos inspirar para pensar o presente.⠀

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“Abstract”: Ian Spalter

Na série “Abstract”, Netflix, segunda temporada, há um interessante episódio sobre design com Ian Spalter. Com trabalhos realizados no YouTube, Foursquare e Nike+, ele hoje é head de design do Instagram. ⠀

Segundo o episódio, 1 de cada 7 pessoas do planeta usa algum produto supervisionado por Spalter. Então, sem dúvida, vale saber mais sobre seu pensamento criativo. ⠀

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A Greve dos Entregadores

Entregadores de todo o Brasil devem interromper suas atividades no começo de julho. O movimento é uma demonstração de força da categoria diante dos aplicativos. Se obtiver sucesso, o movimento pode representar uma nova esperança na luta contra a precarização do trabalho.

Via Meteoro Brasil

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Se você tem uma equipe talentosa, cuide bem dela. Negócios conseguem se reerguer sem salas, cadeiras, mesas, impressoras ou cafeteiras.

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A Lógica do Cisne Negro

Antes de chegar à Austrália, os europeus acreditavam que todos os cisnes eram brancos. O encontro com apenas 1 cisne negro invalidou uma certeza comprovada pela observação de milhões de cisnes brancos, ao longo de séculos. 

Para Nassim Nicholas Taleb, essa história ilustra a fragilidade do aprendizado por meio de experiências e nossa limitação em prever o improvável. E principalmente, as ciladas que podemos produzir por não considerar o que não sabemos.

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Código Bill Gates

O Código Bill Gates (2019). No combate ao novo Corona Vírus, Bill Gates anunciou investimento na construção de 7 fábricas para a produção em paralelo das 7 vacinas mais promissoras. Segundo ele, “podemos economizar meses, porque cada mês conta”. Conheça mais detalhes sobre sua forma de pensar, vida pessoal e outros projetos através da série, em apenas 4 episódios, disponível na Netflix. 

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Superprevisões

Se nossas decisões são baseadas no que acreditamos em relação ao futuro, vivemos num mundo de previsões. Para Tetlock e Gardner podemos desenvolver nossa capacidade de previsão do futuro. E até chegar ao nível de “superprevisores”. Livro interessante e rápido, apresenta os caminhos no trabalho de futuristas/previsores.

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Genderless Voices

Assistentes virtuais estão ficando cada vez mais comuns. São dispositivos acionados por voz, para os mais diversos fins. Mas a idéia de um assistente relacionado ao gênero feminino parece estar sempre presente nesses dispositivos. No Brasil também são chamados de secretárias virtuais. A Amazon lançou seu dispositivo de nome “Alexa”. E por mais que existam outras vozes disponíveis, a voz feminina é um padrão, como na conhecida “Siri” da Apple.

Para evitar que a voz feminina esteja ligada à idéia de assistência, de um dispositivo pensado para servir, há iniciativas interessantes, como a criação de uma voz sem gênero definido, uma “Genderless Voice”. 

Q é um desses projetos, de uma voz não binária, com o objetivo de evitar estereótipos que podem gerar viéses em diversos tipos de sistemas e dispositivos. Q pode ser instalado em produtos Apple, Amazon, Google ou Microsoft. É interessante ouvir a voz de Q, que não é propriamente masculina nem feminina.

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De onde vêm as boas ideias

Todo mundo deve reconhecer a lâmpada como símbolo de uma boa idéia. Faz sentido se a gente pensar na iluminação que ela produz, mas pouco na sua forma.

Uma boa idéia é uma rede, um emaranhado, um enxame. E em sua maioria, não nasce pronta, e sim mal-acabada, ainda como intuição.

Steven Johnson discute nesse livro alguns padrões que mostram como intuições se conectam para formar idéias. Conexão é a palavra-chave porque intuições que não se conectam continuam sendo apenas intuições.

Por isso a importância dos cafés, papos no corredor, eventos, etc. Muitas vezes temos apenas intuições ou parte de uma idéia e precisamos buscar, nas intuições de outros, as partes que faltam às nossas.

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Indústria Americana

Documentário vencedor do Oscar mostra o choque cultural entre operários americanos e chineses, que precisam trabalhar juntos para o sucesso de uma fábrica de vidros chinesa inaugurada na periferia de Dayton, Ohio.

O choque surge principalmente da diferença de concepções sobre o trabalho. Enquanto americanos tentam resistir ao empobrecimento da classe média, chineses escapam da pobreza rural. O resultado é um jogo que envolve operários, políticos, sindicatos, gestores, expectativas e frustrações. Importantíssimo para ajudar a entender a China e o mundo atual.

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Remote – Office not Required

“Remote – Office not Required” faz a apologia da flexibilidade do espaço de trabalho. O livro foi escrito por Jason Fried e David Heinemeier Hansson, nomes por trás da ferramenta online Basecamp e do framework de desenvolvimento Ruby on Rails. 

Os autores relatam diversos casos de profissionais que participam plenamente desses projetos a partir de seus home offices em cidades distantes da sede da 37signals, localizada em Chicago. Hansson, por exemplo, diariamente finaliza sua pauta de trabalho sem sair de casa, na costa da Espanha.

Mas não precisamos ir tão longe para repensar novas composições e formas de trabalho. Estamos vivendo um processo de transformação de modelos, principalmente. Por isso, vale aproveitar o período atual de destruição das estabilidades para testar formas mais dinâmicas, práticas e eficientes de produção. “Remote – Office not Required” traz caminhos interessantes para a criação desses novos modelos. A leitura é simples e rápida. 

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Quanto Tempo o Tempo Tem

Ótimo doc que traz diversas perspectivas sobre nossa relação com o tempo, a partir de nomes como Domenico de Masi, Nilton Bonder, Nelida Piñon, entre outros.

O físico Marcelo Gleiser chama atenção para um ponto muitas vezes esquecido em previsões: a imprevisibilidade científica. Evoluímos muito no último século mas não podemos considerar que isso vai se replicar da mesma forma no futuro. Novas descobertas podem trazer novos obstáculos imprevistos. O passado não serve de regra para o futuro.

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The Creative Brain

Estamos vivendo uma luta permanente. Nosso cérebro pesa 1,5 kg, mas consome 20% da energia do corpo. Assim, como forma de gastar menos energia, ele tenta recorrer sempre a experiências anteriores. 

Ser criativo então depende da resistência a esse instinto de recorrer ao que já conhecemos para pensar em algo novo. Testar coisas novas, diariamente, é um verdadeiro exercício. 

O doc pode ser encontrado pelo título em português “Como o Cérebro Cria”.

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O trabalho e os robôs

O passado imaginava o futuro cheio de robôs. Eles seriam como homens mecanizados, com vozes eletrônicas, disputando o trabalho pesado. ⠀

Mas os robôs atuais tomaram outro caminho, para além da forma humana. São códigos, algoritmos, sistemas, que se conectam, se atualizam, podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo. E claro, não se interessam mais pelo trabalho pesado, e sim aqueles que podem explorar toda sua capacidade.

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Rise of the Robots: tópicos sobre um futuro sem trabalho

No livro “Rise of the Robots: Technology and the Threat of a Jobless Future”, Martin Ford aborda transformações significativas na relação entre trabalhadores e máquinas. Essas transformações alteram uma premissa básica sobre tecnologia: Máquinas deixam de ser apenas ferramentas para aumentar a produtividade dos trabalhadores. Elas se tornam os próprios trabalhadores.

A partir daí, Ford especula sobre uma questão central: O aceleramento da tecnologia pode ameaçar todo o sistema de trabalho ao ponto em que uma reestruturação fundamental pode ser necessária para que a prosperidade siga seu curso?

Rise-of-the-Robots

Robôs-Códigos

Mas primeiro, sobre que máquinas estamos tratando? É natural pensarmos inicialmente sobre um tipo de robô retratado em tantos livros e filmes. Um tipo de reprodução das características e funções humanas, potencializadas por recursos mecânicos, que poderiam torná-los mais fortes e rápidos. Robôs assim já povoam diversas indústrias há muito tempo, realizando tarefas repetitivas ou que representem algum tipo de risco aos trabalhadores humanos.

No entanto, há outras constituições dos robôs a considerar. Robôs que não são formados apenas por elementos mecânicos, mas também por softwares que processam dados, acessam servidores remotos, realizam cálculos complexos em períodos de tempo inacessíveis para trabalhadores humanos. E ainda aqueles que são apenas códigos, algoritmos, capazes de criar seu próprio aprendizado, estratégias para realização de tarefas, além de continuamente alterar sua própria constituição.

Um dos mais importantes propulsores da nova revolução dos robôs é o conceito de Cloud Robotics. Isso representa a transferência para a nuvem da maior parte da inteligência que comanda robôs, transformando-os em agentes suportados por hubs de computação. Isso na prática significa que muito da computação necessária para o pleno funcionamento de robôs avançados migra para pesados data centers, permitindo o surgimento de máquinas mais flexíveis, atualizáveis e baratas que não precisam conter todo o poder de processamento e memória dentro de si. Elas apenas precisam de altas taxas de transferência de dados para acessar recursos disponíveis na rede. Se uma máquina aplica inteligência para aprender e se adaptar ao ambiente, o novo conhecimento adquirido se torna disponível de forma instantânea para outras máquinas da rede, tornando mais rápido escalar esse aprendizado para uma grande quantidade de robôs. A Google, por exemplo, já investe em Cloud Robotics, oferecendo suporte e interfaces que permitem a essas máquinas o uso de serviços criados para os dispositivos com o sistema Android.

Nicholas Carr, no livro “The Big Switch”, também destaca uma diferença fundamental em relação aos avanços em tecnologia de informação. Diferente de avanços tecnológicos anteriores, TI encapsula inteligência, já que computadores podem tomar decisões e resolver problemas, se tornando máquinas que em certo (limitado) sentido “pensam”.

A Lei de Moore tem sido uma referência importante sobre o tempo de vida das inovações em diversas áreas. A aceleração dos avanços em hardware sugere que a indústria conseguiu manter um ritmo de curvas “S” em sequência. Em 18 meses um produto inicia seu declínio ao mesmo tempo que seu sucessor inicia sua ascenção. Mas o ambiente dos códigos tem outras regras, com taxas de progresso orientadas pela velocidade dos algoritmos, que em diversos casos está muito além do hardware. Ford cita uma análise do Instituto Zuse, de Berlim, que a partir dos computadores e softwares de 1982 estipulou o tempo de 82 anos de processamento para a resolução de um problema altamente complexo. Em 2013, o mesmo problema poderia ser resolvido em apenas 1 minuto. A redução de tempo, em um fator de 43 milhões, contou com hardware 1.000 vezes mais rápido, para os algoritmos o aumento de desempenho foi de 43.000 vezes.

Destruição X Criação

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Para o emprego de forma geral, a nova fase da revolução dos robôs pode criar um efeito de destruição x criação.

A “destruição” vai afetar inicialmente empresas de trabalho intensivo, em áreas como varejo, alimentação e serviços. O setor de serviços envolve a ampla maioria dos trabalhadores e já evidencia os impactos dessa onda de automação através da disseminação de caixas eletrônicos e diversos serviços do tipo self-service. Milhões de empregos estarão em risco, principalmente aqueles de menor salário. A startup Momentum Machines oferece uma máquina de produção de hamburguers gourmet capaz de realizar todas as etapas sem nenhuma interação humana, atendendo a uma infinidade de variações para cada cliente, como tipo de molho, ponto da carne, etc, numa velocidade de 400 unidades por hora. Não apenas a velocidade da produção é impossível para um trabalhador humano, mas principalmente o registro e memória das preferências de cada cliente.

Mas não vamos considerar apenas os trabalhos de menor salário. O atual mercado global de ações é o campo de trabalho de exércitos de algoritmos que batalham entre si pela conquista de lucros financeiros em operações realizadas em escalas inacessíveis para nós, tanto em relação ao tempo para tomada de decisões, quanto ao volume de dados analisados para tal. Além de substituir analistas bem treinados no mercado de ações, os algoritmos que constituem o que vem sendo chamado de algotrade, também desenvolvem progressos que estão além do controle e entendimento dos programadores que os desenvolveram.

Enquanto isso, a “criação” será responsável pelo surgimento de novas empresas e indústrias, que, no entanto, não contratarão muitos trabalhadores. Em 2005, o YouTube foi criado por três pessoas. Dois anos depois, quando foi adquirida pelo Google por U$ 1.65 bilhão, a empresa tinha apenas 65 trabalhadores, a maioria técnicos de alto nível, numa relação de U$ 25 milhões/trabalhador. Em 2012, foi a vez do Facebook adquirir o Instagram por U$ 1 bilhão, que na época tinha uma equipe de 30 pessoas, ou U$ 77 milhões/trabalhador. Já em 2014, também o Facebook adquiriu o WhatsApp por U$ 19 bilhões. A empresa era formada por 55 pessoas, numa impressionante relação de U$ 345 milhões/trabalhador. Ou seja, podemos estar seguindo em direção a um ponto em que a criação de empregos cada vez mais será menor, incapaz de atender plenamente a toda a força de trabalho futuramente disponível. Será o fim de um ciclo virtuoso, mantido pela transformação dos trabalhadores em consumidores da própria produção.

Imigrantes Invisíveis

Também é interessante observar um ponto discutido pelo autor sobre a falta de percepção das autoridades em relação aos novos trabalhadores digitais. Há uma grande preocupação nos EUA sobre a imigração de trabalhadores estrangeiros interessados em oportunidades de baixa qualificação no país. Uma parte considerável desses imigrantes vai aos EUA em busca de tipos de trabalho que já não interessam aos cidadãos americanos, nas áreas de construção, limpeza e serviços de alta rotatividade. As regras e políticas em relação a esses trabalhadores são fonte de controvérsias e intenso debate. No entanto, não há praticamente nenhuma preocupação em relação a serviços realizados por robôs-códigos, que mesmo baseados em servidores em países distantes, cruzam fronteiras a qualquer momento para atender demandas do mercado interno através de serviços online. Esses trabalhadores digitais entram nos EUA virtualmente, ameaçando de forma significativa trabalhadores de alto nível técnico, ocupando funções que realmente interessam aos americanos.

 

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Aerotropolis: The Way We’ll Live Next

A proposta das aerotrópoles é aproximar os aeroportos das cidades. Nada de terminais distantes dos centro urbanos. Nas aerotrópoles as cidades se desenvolvem ao redor de aeroportos.

A proposta parece nova, principalmente levando em conta o caso da nova cidade de Songdo, na Coréia do Sul, uma smart city criada ao redor do Aeroporto Internacional de Incheon, um super terminal com mais de 400 lojas, das marcas mais importantes de todo o mundo, além de diversas opções de lazer e serviços. De qualquer lugar de Songdo é possível chegar a Incheon através de transporte público em apenas 15 minutos. Os residentes dessa aerotrópole podem facilmente participar de reuniões nas principais cidades da China ou do Japão e voltar a tempo para jantar em casa.

aerocity

Mas “Aerotropolis: The Way We’ll Live Next” apresenta uma série de casos que mostram como aeroportos são responsáveis pelos desenvolvimento de concentrada vida urbana ao seu redor. Desde cidades-fábricas do período da Segunda Guerra Mundial, desenvolvidas para atender a demanda por suprimentos e material bélico dos EUA, até cidades-empresas, como se tornaria Memphis a partir de 1974 com a instalação da Federal Express – Fedex – em seu aeroporto, transformando uma antiga produtora de algodão numa das precursoras das aerotrópoles atuais. Em Memphis, de cada 4 trabalhadores, 3 são colaboradores da Fedex.

Também é espantoso ver como muitos mercados hoje são totalmente baseados no transporte aéreo, de flores da Holanda e frutas do Congo que chegam ainda frescas ao mercado europeu, até a produção de eletrônicos da China e o “turismo médico” da Malásia, que recebe um número cada vez maior de americanos em busca de procedimentos e cirurgias a preços mais baixos. Os autores também destacam o importante papel estratégico de companhias aéreas no desenvolvimento de centros emergentes, como Doha (Qatar Airways) e Dubai (Emirates).

Mas há um futuro possível baseado na combustão de gasolina azul por motores a jato?

Os autores John Kasarda e Greg Lindsay sinceramente reproduzem uma crítica ao futuro das aerotrópoles, a partir de uma carta enviada à revista Fast Company:

“Do modo como percebo a situação, a aerotrópole é um projeto de infraestrutura multibilionário que se equilibra precariamente sobre o setor de frete aéreo – totalmente dependente do petróleo – e que visa basicamente acelerar a criação de um modelo de produção escravizante e de caráter mundial para fornecer bugigangas para o Walmart. Esse conceito está fadado ao fracasso. O que vejo são megacorporações, governos, militares e dinossauros totalmente dependentes do petróleo e do crescimento, tentando desesperadamente se unir para tentar sobreviver, produzindo elefantes brancos como a aerotrópole. Investir nosso precioso tempo, dinheiro e energia em projetos mirabolantes como esse deve ser considerado criminalmente insano”.

Fica então o paradoxo do desenvolvimento de mercados globais de produtos e fluxos internacionais X modelos insustentáveis de energia e transporte. Por enquanto, parece não haver solução possível para ambos.

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Outliers

A versão em português traz um subtítulo perigoso: “Descubra porque algumas pessoas têm sucesso e outras não”. ⠀

Parece um livro de auto-ajuda, rumo ao sucesso. Mas não eh nada disso. Malcolm Gladwell faz uma desconstrução do self-made man. Os outliers, ou foras de série, são na verdade fruto da história, da comunidade, das oportunidades a que tiveram acesso. Uma rede de vantagens, conquistadas ou herdadas, faz aquele que pensa se fazer sozinho. ⠀

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Smart Cities in Brazil

Artigo “Smart Cities in Brazil. Experiences under way in Búzios, Porto Alegre and Rio de Janeiro” (Lemos, A; Mont’Alverne, A.) publicado na Revista Comunicação Midiática, vol. 10, n. 3, dez. 2015.

“In contrast to the more aggressive BRICS countries, like China or India, the smart city phenomenon is still in its infancy in Brazil. In this article we present the experiences of three urban areas: Búzios, Porto Alegre and Rio de Ja- neiro. As well as describing and analysing these three Brazilian experiences, the article proposes a global model for smart city projects, based on “Conception,” “Organisation” and “Action,” and advocates the use of Actor-Network eory (ANT) (LATOUR, 2005) as a useful theoretical framework for analysing this phenomenon.”

Keywords: Smart cities; actor-network theory; communication

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Cidade Inteligente Búzios

A cidade de Búzios, no Rio de Janeiro, conhecida pela beleza de suas praias, também é atualmente um importante campo de testes para inovações nas áreas de energia eólica, solar e elétrica.

O projeto Cidade Inteligente Búzios, realizado pela Ampla, concessionária de energia local, em parceria com a prefeitura e empresas do setor, tornou a cidade um living lab para criar, implementar e testar soluções de energia alternativa, principalmente elétrica, na forma de uma rede inteligente ou smartgrid.

Uma rede inteligente de energia usa TIC para coletar e manipular informações sobre a geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. A rede se torna habilitada para o tráfego de dados. Com isso, os usuários podem acessar informações sobre seu consumo, verificar horários com tarifas mais baixas e ainda fazer a gestão de aparelhos remotamente através de um app para smartphone. Motivadas pela necessidade de inovação, busca por soluções mais seguras e regras de contratos de concessão, diversas empresas do setor de energia elétrica estão realizando projetos piloto baseados no conceito de rede inteligente. Sete Lagoas, Barueri, Aparecida, Curitiba, Parintins e Aquiraz são algumas das cidades brasileiras que atualmente suportam living labs para experiências com smartgrids.

O projeto Cidade Inteligente Búzios atende 10 mil clientes, residentes próximos ao centro da cidade de Armação de Búzios, onde também está localizado seu Centro de Monitoramento e Pesquisa, que funciona ao mesmo tempo como um laboratório e um centro de visitação e exposição de serviços e dispositivos. Com o acompanhamento de um monitor é possível conhecer os eixos de atuação do projeto através de apresentações multimídia, saber mais sobre o funcionamento de bicicletas e carros elétricos, postes com luminárias de LED controladas à distância e principalmente os medidores inteligentes, tratados como “gerentes do sistema”.

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Não é difícil encontrar os medidores instalados nas ruas. Eles estão visíveis em muitas residências. No entanto, suas funcionalidades parecem não ser conhecidas pelos habitantes locais. Numa pesquisa informal, entre recepcionistas de hotéis, motoristas de ônibus, garçons e até mesmo atendentes de postos oficiais de turismo, o desconhecimento foi total. Talvez a ação do projeto mais conhecida entre a população e os turistas seja a zona wi-fi gratuita localizada na Rua das Pedras, principal ponto de encontro do centro urbano da cidade.

Living labs são modelos de aplicação do conceito de cidade inteligente, normalmente restritos a um segmento de tecnologia ou determinadas áreas de uma cidade. No mundo, living labs dedicados a experimentos com Internet das Coisas, redes inteligentes de energia, telecomunicações, desenvolvimento de softwares, compartilhamento de veículos, fomento de startups e empresas do setor de economia criativa, por exemplo, estão em andamento em bairros de Barcelona, Moscou, Boston, ou ainda em pequenas cidades, como o projeto realizado pela Telefonica na cidade de Águas de São Pedro, a segunda menor cidade brasileira, localizada no estado de São Paulo.

Quando um modelo de cidade inteligente é proposto por uma empresa de determinado segmento é preciso observar sua influência tanto na concepção das ações que moldam o projeto, quanto na atuação de outros atores. Cidade Inteligente Búzios tem na eficiência energética a base de sua “inteligência”. Mas esse modelo não pode reduzir a importância de outras perspectivas e interesses locais, de habitantes, comerciantes e gestores públicos. Embora a cidade apresente características apropriadas para o desenvolvimento de um living lab de energias alternativas, como sua localização, clima, perfil de consumo e visibilidade internacional, devem existir outros problemas a serem enfrentados para que ela seja reconhecida como uma cidade inteligente do ponto de vista de seus residentes.

Quando uma empresa lidera um projeto desse tipo também traz consigo uma rede de parceiros, tecnologias, agendas e planos de desenvolvimento que precisam ser analisados de forma mais detalhada. Os parceiros tecnológicos, por exemplo, que fornecem ao projeto uma série de dispositivos, sensores e medidores inteligentes, não apenas contribuem com sua implementação, mas ajudam a moldar sua forma final, já que as funcionalidades técnicas serão definidas pelos recursos disponíveis em seus produtos. De forma similar é preciso considerar ainda a influência da municipalidade, de políticas do setor de energia, de regulações do governo, do mercado turístico e outros atores que tomam parte na rede sócio-técnica que se forma em torno do projeto Cidade Inteligente Búzios.

 

 

 

 

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Inhuman Geographies: Landscapes of Speed, Light and Power

No artigo “Inhuman Geographies: Landscapes of Speed, Light and Power”, Nigel Thrift apresenta uma análise de como inovações em tecnologias de velocidade, luz e energia, combinadas e interelacionadas em sociedades urbanas do século XIX, ajudaram a remodelar os espaços, tempos, fluxos, ritmos, experiências e representações da vida urbana.

Sua análise não privilegia uma determinada inovação, tecnologia ou infraestrutura, e sim a construção mais ampla de machinic complexes de velocidade, luz e energia. Thrift demonstra a necessidade do uso de perspectivas mais sofisticadas sobre como inovações em TICs nas cidades contemporâneas, entrelaçadas com transporte, energia, água, mídia, sistemas e técnicas, formam machinic complexes que sustentam o desenvolvimento das cibercidades.

– Tecnologias de velocidade

No século XIX, tecnologias de velocidade, como a carruagem, o bonde puxado por cavalos, a estrada de ferro, o trem elétrico e a bicicleta, progressivamente aceleraram as redes de transporte. A bicicleta é indicada como a invenção que mais causou mudanças no período, pela sua simplicidade e acesso democrático à velocidade. Novas redes de comunicação dispensaram o contato face a face, como o serviço de correio, telégrafo e jornais de grande circulação. Entre os efeitos sociais e culturais das tecnologias de velocidade estão a consciência de intervalos mais curtos de tempo, que resultaram na popularização de relógios, um senso de presença simultânea mais comum, principalmente por causa do telégrafo, as viagens a trabalho, o turismo, uma percepção da passagem mais rápida do tempo e a sensação do corpo como um objeto a ser transportado como qualquer outro.

– Tecnologias de luz

A tecnologia da luz artificial, principalmente luz elétrica, passou a ser usada em residências, lojas e fábricas. A lâmpada e a disseminação da luz elétrica definitivamente separaram a luz e o fogo. Entre as mudanças causadas pelo machinic complex da luz estão a colonização da noite, até então vista como um período de inatividade, o surgimento de novas práticas sociais (“vida noturna”), a extensão do turno de trabalho nas fábricas, a construção de dream spaces, locais como hotéis, teatros e cafés que passaram a usar iluminação artificial como um recurso de consumo visual, a produção de novas formas de vigilância e metáforas a partir de novas percepções sobre a paisagem urbana sob iluminação artificial.

– Tecnologias de energia

Como velocidade e luz, a energia elétrica produziu mudanças importantes, como a popularização de dispositivos, banho com aquecimento elétrico, uso de choques elétricos no tratamento de doenças mentais, a metáfora do corpo como um corpo elétrico (Frankenstein), energia e vida como sinônimos, percepção da energia como um recurso infinito, fim da iniciativa individual e da produção autônoma de energia para dar lugar ao monopólio capitalista de sua produção.

A idéia de machinic complexes é interessante para a formulação de análises de como inovações, tecnologias e outros fatores relacionados influenciam transformações no espaço urbano. Essa abordagem busca evitar a idealização de uma influência específica e idealizada em favor de construções mais complexas de fatores. Sem dúvida é uma abordagem útil para observar as transformações atuais relacionadas a projetos de smart cities e tecnologias relacionadas.

Thrift, N (1995), ‘Inhuman Geographies: Landscapes of Speed, Light and Power’. In N. Thrift, Spatial Formations, London: Routledge, 256-310.

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Madre Total

Madre Total é o nome do projeto de Smart City em desenvolvimento na cidade de Madre de Deus, Bahia.

Inicialmente foi inaugurada a Unidade de Gestão Integrada, que conta com 79 câmeras de monitoramento, para uso da polícia, departamento de trânsito e outros serviços públicos 24h por dia.

A cidade tem a maior cobertura por videomonitoramento do país, já que sua zona urbana tem apenas cinco quilômetros quadrados. A unidade também conta com uma rede de fibra óptica de 22 km, que interliga todos os prédios públicos municipais. A partir desse e outros recursos, em um ano, a cidade reduziu o número de homicídios em quase 50%. O projeto é uma parceria com a Universidade Federal Fluminense – UFF.

O projeto, ainda em fase inicial, realiza ações relacionadas a infraestrutura urbana, principalmente segurança e trânsito. Mas no futuro serão aprimoradas ações ligadas à gestão urbana, como visualização de dados e reação a eventos, por conta da proximidade de estruturas da indústria de óleo e gás.

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The Black Box Society

No livro “The Black Box Society”, Frank Pasquale retrata como algoritmos atualmente desempenham um papel fundamental na construção (ou destruição) de reputações, no surgimento de novas empresas e no destino da economia.

O termo caixa-preta do título é usado em dois sentidos, tanto como um dispositivo que monitora sistemas e pessoas continuamente, como as caixas-pretas que monitoram aviões, quanto um dispositivo cujo funcionamento é desconhecido. Conhecemos os dados de entrada e saída, mas não o processo de transformação. Para as corporações que desenvolvem essas caixas-pretas um dos objetivos principais é a opacidade, termo que resume a idéia de incompreensibilidade que deve envolver sua operação.

Enquanto hábitos de consumo, histórico de navegação online e comportamento pessoal são monitorados, empresas estão conectando os pontos e produzindo sistemas de avaliação para mensurar credibilidade e reputação. O livro apresenta uma variedade de casos que mostram como a mineração de dados é aplicada no varejo, nos sistemas de crédito, seguros e planos de saúde. O ponto-chave desse relato de casos é chamar a atenção sobre os limites dos processos de Big Data e como eles podem afetar nossa vida cotidiana. Se empresas estão definindo a reputação de seus clientes – e principalmente de seus futuros clientes – através de algoritmos opacos e inacessíveis, como saber mais sobre as formas pelas quais estamos sendo diariamente avaliados?

Pasquale também discute como o comportamento das grandes empresas de busca, como Google e Apple, levanta questões de confiança. Nem sempre os critérios que definem os resultados das pesquisas são claros. Quando a Google é acusada de barrar da primeira página de resultados um site de comparação de preços (Foundem X Google), o que isso pode representar? Apenas um resultado algorítmico, fruto de índices e análises frias, ou uma ação corporativa sobre um possível concorrente? Através do PageRank, a Google afirma relacionar resultados por relevância e importância, produzindo a idéia de igualdade (todos podem estar lá) e elitismo (alguns resultados são mais importantes que outros). O argumento comum é o da neutralidade. Mas quando ela adquire uma empresa de determinado setor, há influência na forma como os resultados sobre ela são apresentados? Serão os concorrentes deslocados para as últimas páginas? Uma transparência mais qualificada poderia ser a resposta para questões desse tipo.

pasquale

Se controle sobre dinheiro e informação fazem parte do subtítulo do livro, se torna obrigatória uma discussão sobre os modelos de operação do mercado financeiro atual. Transações eletrônicas já correspondem a 70% dos negócios do mercado de ações. Essas operações são executadas por algoritmos que trabalham a velocidades incompreensíveis para nós – na ordem dos milionésimos de segundos – aumentando ainda mais a opacidade sobre o funcionamento desse mercado. A descrição do “algorithm trading” é útil para mostrar como esses sistemas financeiros tiveram influência sobre as crises econômicas recentes nos EUA.

Para Pasquale, o ponto de partida para aperfeiçoar empresas de reputação, busca e finanças é aprender mais sobre o que eles estão fazendo e definir padrões mais altos e melhores práticas de auditoria que permitam uma regulação mais substantiva do setor privado. Mesmo que o sigilo seja visto como uma estratégia de negócio, ele destrói nossa habilidade de entender o mundo que está sendo criado. E a idéia de opacidade cria oportunidades para esconder condutas anticompetitivas, discriminatórias ou descuidadas sob um manto de inescrutabilidade técnica.

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Workshop Smart Cities

Workshop sobre Internet das Coisas, Big Data e Espaço Urbano na FITS/ AL. O evento é aberto ao público e será realizado em parceria com o curso de Pós-Graduação em Comunicação e Novas Mídias.

WORKSHOP

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